“Por mais de 10 anos trabalhei à frente da Delegacia de Delitos de Trânsito atendendo e absorvendo a dor das famílias que perdem seus entes queridos no trânsito. Foge à lei natural um pai, ou uma mãe, sepultar um filho, ou uma filha. Diante disso, radicalmente, sou contra esse retrocesso que estão tentando fazer nas previsões do Código de Trânsito Brasileiro, aumentando a pontuação de 20 para 40 pontos, para aí, sim, suspender a carteira de motorista. Penso que é mais uma medida populista e que incentiva o desrespeito às regras de trânsito. O Estado já é omisso: tem falhas na infraestrutura, na educação para o trânsito, na fiscalização e, agora, erra ao querer flexibilizar a punição aos infratores. Quem já perdeu alguém que ama em acidentes sabe bem do que estou falando; quem não sofreu perdas pode sensibilizar-se com a dor do outro e pensar, também, que os custos do Estado com mortes, com hospitais, com reabilitação de feridos e outras despesas decorrentes de acidentes sairá do seu bolso. Quem paga é o contribuinte. Reflita: somente o motorista que infringe a lei é punido. Pessoas que observam e cumprem as leis não têm razão para apoiar a flexibilização das regras porque isso está a favor de premiar os maus motoristas. Precisamos acabar com a impunidade no trânsito porque o Brasil é um dos países que lideram, no mundo, as estatísticas de acidentes e de mortes nas estradas e nas cidades. Vamos dizer não a mais uma proposta do governo que é absurda.” Senador Fabiano Contarato (REDE-ES)
ENVIADA PARA TRIBUNA – 03.06.2019