Mais uma vez, abrimos o jornal para ler argumentos rasos e inconsistentes de um ministro. Agora, é o da Infraestrutura, que abandona sua missão constitucional para, praticamente, “advogar” em favor da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, sem levar em consideração a legislação ambiental da qual deveria ser um dos guardiões.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que tem diversos especialistas altamente gabaritados para analisar os impactos ambientais desse tipo de exploração, negou o licenciamento, após ter estudado a proposta da empresa e concluir sobre sua inviabilidade. Isso em vista de enormes riscos e incertezas sobre o tipo de operação que a empresa se propõe a fazer.
Se houver derramamento de petróleo, teremos trágicos efeitos sobre os raríssimos recifes de coral encontrados na região e sobre a biodiversidade marinha.
O ministro ignora esse parecer do Ibama, emitido em dezembro passado, e questiona: “Por que não temos índios ricos, milionários, que tenham seu próprio avião?” Insiste no discurso do governo de que “o índio quer crescer, ficar rico”.
Essa é uma visão distorcida; falta de respeito com os povos originários! Eles, hoje, com sua cultura, são os que defendem a natureza. Eles são os que, realmente, estão se importando com a preservação do meio ambiente e nos dizendo cuidado com essa ganância. Não se trata de defender a pobreza, mas de proteger uma riqueza que o ministro não compreende. Pior pobreza é mesmo a de espírito!
Se o governo insistir em mais uma ação de exploração desenfreada, em criminoso desrespeito ao parecer do órgão de mérito que é o IBAMA, como fez na liberação de áreas para leilão visando a exploração de petróleo na região de Abrolhos (BA), iremos recorrer, novamente, à Justiça. Não ficaremos de braços cruzados!