Fabiano Contarato é senador (REDE-ES), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal.
Mal-estar com a Noruega e a Alemanha na cooperação internacional para a preservação da floresta Amazônica. Polêmicas sobre a flexibilização para licenciamentos e quanto ao controle de agrotóxicos. Desmonte de órgãos públicos – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – e, consequentemente, o enfraquecimento da fiscalização para melhor controle de atividades que impactam o nosso meio ambiente.
Se continuar puxando pela memória mais recente, recuando até o início do ano, capaz de que não tenha espaço para propor uma reflexão sobre alternativas para superarmos a “desagenda” que se instalou no país em relação ao desenvolvimento com conservação e proteção do meio ambiente.
Não surgiu de uma hora para outra a cantilena sobre as causas ambientalistas serem sinônimo de “inimigas do desenvolvimento”. Isso vem de anos de desconstrução. Nas redes sociais estamos vivenciando em mais larga escala um estado de coisas em que a razoabilidade e a racionalidade estão sendo, fortemente, combatidas por apelos sem fundamentação.
Longe e bem ao contrário do que se propala, as causas ambientalistas podem e, com certeza, vão garantir a água e o prato de comida nas mesas das próximas gerações.
Por isso, no Senado Federal, propus e tive apoio de uma representação suprapartidária para dar início ao “Junho Verde”: calendário de atividades com audiências públicas e sessão especial focadas em debater, refletir e buscar soluções aos reais e urgentes problemas que temos de enfrentar no Brasil e no mundo quanto à proteção e à conservação do meio ambiente. Apresentei projeto de Resolução para que “Junho Verde” seja uma agenda permanente: se repita todos os anos.
Temos chagas abertas como Brumadinho, Mariana e outros desastres ambientais. Estamos diante de mais um episódio em que precisamos apurar as responsabilidades nas esferas administrativa, cível e criminal: Barão de Cocais (Mina Gongo Soco). Devemos revisar e fortalecer as nossas leis, recompor a estrutura de fiscalização do Estado, acabar com a corrupção e a impunidade, estabelecer no plano da diplomacia relações que reforcem parcerias e protagonismo brasileiro para enfrentar questões urgentes: desmatamento da Amazônia, mudanças climáticas, contaminação por agrotóxicos, poluição dos recursos hídricos e a poluição do ar (tema da Organização das Nações Unidas – ONU) para o Meio Ambiente neste 5 de junho, entre os destaques. Como disse nosso ambientalista maior e de saudosa memória, Paulo Nogueira Neto: “O Meio Ambiente Une”.