1- Essa onda, esse clima, que estamos vivendo. Quais são as providências que está tomando? A que você atribuiu essa onda de crime?
“É lamentável. Eu acho sinceramente que a população está reverberando um comportamento oriundo do chefe do executivo. Infelizmente, o chefe do executivo tinha que ter um comportamento de propagar o amor, a pacificação social, uma articulação política no melhor sentido da palavra, mas ele dissemina o ódio. Então, as pessoas estão invertendo, elas acham que depois da fala que eu tive na audiência pública com o ministro da Justiça, eles se invertem. Uma coisa é eu me enaltecer, como eu valorizo e defendo a operação Lava Jato, porque ela é impessoal. Ela não pertence a uma pessoa, ela pertence a população brasileira, foi um divisor de águas. A outra coisa é a análise de um comportamento de um juiz, se ele feriu ou não um dos princípios do processo penal que é a imparcialidade. Ora, isso compete a entrar no mérito se houve ou não isso com o Supremo Tribunal Federal. Depois dessa minha fala, eu fui atacado moralmente e ainda continuo sendo atacado. Inclusive, com esse áudio que é constrangedor até. (e eu queria pedir que vocês de alguma forma nem divulgassem, porque o objetivo de divulgar é só para entenderem a gravidade). Tratasse de um servidor público municipal, a pessoa me ofende moralmente e ainda caracterizando um crime de homofobia e, ainda, ele me ameaça de morte, então, é um fato muito grave. Nós vivemos num estado democrático de direito, as pessoas podem não concordar com um postura ou uma fala minha. Isso todo mundo tem o direito de não concordar. Mas isso não dá direito da pessoa ultrapassar esse limite e praticar crimes. Então, o que eu estou fazendo é: eu acionei a polícia legislativa, a polícia federal e essa pessoa vai responder criminalmente, administrativamente e civilmente pelos atos praticados. Não só ela, mas qualquer pessoa que me ofender, vai ser identificada e vai responder criminalmente e civilmente.
Você falou do estado democrático de direito, você acha que estamos vivendo num estado democrático de direito?
Infelizmente não. Porque quando você vê um presidente, que é chefe do executivo, legislando por decreto, ele está violando o artigo 22 da Constituição Federal. (falhou a ligação) Quando você vê um presidente da república elito num processo democrático tendo uma constituição cidadã em que os poderes devem ser harmônicos e independentes entre si, mas que ele viola essa regra constitucional e legisla por decreto, ele está tendo um comportamento antidemocrático. Então, eu não vejo que esse exercício da democracia está sendo exercido pelo chefe do executivo. Ele tem tido comportamentos que está desmatelando o Ministério do Meio Ambiente, por força de decretos, medidas provisórias. Ele está tirando verba da educação pública, não só das universidades e institutos federais, mas que está repercutindo na educação básica. Ele está não dando aquilo que é obrigação dele, que a Constituição Federal diz que segurança pública direito de todos e dever do estado, então ele transfere para a população, voltando a lei de italiano “olho por olho dente por dente”, armando a população. Quer dizer, eu sou presidente da Comissão de Meio Ambiente e ontem eu atendi uma delegação de parlamentares da Alemanha. O Brasil corre o risco de principais investidores e doadores, como é o caso da Alemanha e Noruega, com o Fundo da Amazônia, que já deram mais de R$ 3 bilhões, corre o risco do Brasil perder isso. Está desmantelando, enfraquecendo Ibama, ICMBio, ele está loteando primeiro e segundo escalão só com militares, com generais e coronéis. A meritocracia e o tecnicismo foi deixada de lado, ele acabou com a secretaria de mudanças climáticas, com o setor de Educação Ambiental, com plano de combate ao desmatamento, a composição do Conama que antes tinha 96 integrantes, 22 com a participação da sociedade civil e ongs, agora passou para quatro. Ele tirou a representação indígena, da comunidade científica e sanitária, quer dizer, não tem como eu falar e nós em plena democracia (repórter interfere) ele está desconstruindo tudo. Eu não tenho dúvida, nós vivemos uma ditadura em plena democracia. Essa é a avaliação que eu faço do chefe do executivo.
Entrevista Século Diário – 03.07.19