O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito vice-presidente da comissão especial de senadores que fiscalizará as providências adotadas pelos órgãos competentes para investigar e elucidar o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Vale do Jaguari, no Amazonas.
Denominado comissão temporária sobre a criminalidade na Região Norte, o colegiado vai investigar também o aumento da criminalidade e de atentados contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos e jornalistas na região Norte e em outros Estados.
“O assassinato do indigenista e do jornalista britânico evidenciam a total ausência do Estado na região do Vale do Javari, marcada por conflitos entre indígenas e organizações criminosas envolvidas com o tráfico de drogas, a caça e a pesca ilegais, o garimpo e a extração ilegal de madeira”, frisa o senador.
Contarato também apresentou no Senado um voto de pesar e de envio de condolências à família de Bruno Pereira e à família de Dom Phillips. “Como titular da comissão que apura o caso, deixo o mandato de portas abertas aos que defendem as bandeiras destes heróis. Não vamos aceitar impunidade. Bruno e Dom foram brutalmente assassinados numa região de altíssima violência ligada a crimes ambientais. O mundo cobra justiça e celeridade na investigação, e sem descartamos ter havido mandantes”, alerta o senador.
Outra iniciativa de Contararo foi apresentar à comissão reinvindicações feitas por entidades de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) como contribuições ao plano de trabalho. Um dos pedidos é o envio envio imediato de forças de segurança pública específicas para a garantir a integridade física dos servidores da Funai em todas as Bases de Proteção do Vale do Javari –Quixito, Curuçá e Jandiatuba, bem como as sedes das CRs do Vale do Javari e CFPE-VJ.
“Desejamos as mais sinceras condolências aos familiares e amigos desses grandes profissionais e esperamos que as autoridades descubram os autores e os mandantes desse crime tão vil e os punam, nos termos da lei. Exigimos, também, que o governo brasileiro passe a atuar na região com a finalidade de proteger as florestas e seus defensores”, reitera Contarato.
Entenda o caso
A manhã do dia 18 de junho foi marcada pela triste notícia da confirmação da morte e identificação dos corpos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que estavam desaparecidos desde 05 de junho na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. O assassinato de Bruno e Dom gerou grande repercussão nacional e internacional.
Bruno Pereira, de 41 anos, era servidor federal da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e conhecido defensor dos direitosindígenas. Também atuava dando suporte à Univaja em projetos e ações pontuais.
Phillips, 57 anos, morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do The Guardian. Apaixonado pela Amazônia, onde escreveu dezenas de reportagens, o jornalista estava na região há vários dias trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local, com apoio da fundação Alicia Patterson.