O Senado Federal realizou, nesta quarta-feira (25), a primeira edição do Prêmio Adoção Tardia, iniciativa do senador Fabiano Contarato (PT-ES) dedicada a homenagear pessoas e instituições que atuam para incentivar e viabilizar a adoção de crianças e adolescentes fora do perfil procurado pela maioria das famílias. Na sessão especial, os agraciados – entre eles o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) – defenderam a necessidade de o país tornar esse processo mais inclusivo, célere, simplificado e solidário, de forma a proporcionar a construção de vínculos de amor familiar aos pequenos que sonham com esse encontro enquanto vivem em instituições de acolhimento.
“Fico feliz em atuar para que o Senado institua agenda efetiva em defesa da adoção tardia de crianças e adolescentes. Adotar é gesto redobrado de amor. Precisamos apoiar e trabalhar em parceria com as instituições que trabalham nesta causa. Há mais de 9 mil crianças à espera de um lar ou em processo de adoção no Brasil. Sou pai de duas crianças adotadas, que amo mais do que tudo na vida. Gabriel e Mariana são nossa felicidade, minha e de meu esposo Rodrigo. Precisamos quebrar preconceitos que barram o andamento da fila de adoção. As crianças de todas as idades têm amor para mudar o mundo!”, afirma o senador.
O senador reiterou, emocionado em plenário, que o sentimento de constituição de família não envolve classe social, cor ou orientação sexual. Ele ressalta a proporção enorme de pessoas habilitadas a adotar, mas há o peso enraizado no tecido social de preconceitos relacionados a idade, cor, condição física. Em razão disso, Contarato considera essencial que o Congresso Nacional e todas as instâncias do poder público aliem-se na construção de políticas públicas de reparação das injustiças e da desigualdade servem de contrapeso. “Congregar esforços, agir coletivamente, buscar apoios, romper resistências, tudo isso fortalece a causa da adoção. Juntos, faremos a sociedade derrotar os preconceitos, com a intolerância, com o ódio”, frisa o senador.
Nessa primeira edição do prêmio, foram homenageadas quatro instituições: Tribunal de Justiça do Espírito Santo, pela Campanha Esperando por Você; Grupo de Apoio à Adoção de Belo Horizonte; Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, pelo projeto Em Busca de um Lar; e Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, pelas iniciativas Projeto Dia do Encontro, Projeto Busca-se(R) e Aplicativo Adoção.
Helerson Elias Silva, da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Estado do Espírito Santo, do TJES, ressaltou que a Campanha Esperando por Você nasceu pela identificação das dificuldades de se encontrar famílias interessadas em acolher crianças com um perfil de idade superior a três anos. De acordo com ele, o projeto tem avançado e conseguido alcançar o objetivo de conscientização e humanização dos pretendentes. Até agora, segundo Helerson, a ação já recolocou 28 crianças e adolescentes no seio familiar.
“Quando começamos essa campanha de adoção, lá em 2017, tínhamos estes perfis de criança que eram difíceis de conseguir adoção: crianças mais velhas, grupos de irmãos, crianças com alguma doença ou deficiência. E tínhamos uma criança em especial para a qual já há dois anos procurávamos família e não conseguíamos. E a gente pensou que, nessa campanha de adoção, se a gente conseguisse adoção para essa criança, já teria valido a pena. Graças a Deus, conseguimos adoção para esta criança e para mais 28 – adolescentes de 16 anos, grupos de três irmãos, crianças com doenças, deficiências -, sendo que não conseguíamos, de maneira nenhuma, adoções para esses perfis”, relatou Hélerson.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidiu conceder a comenda também a Contarato, em reconhecimento a sua atuação em defesa do tema. “No movimento de mudança do perfil dos adotados, sobressai o desafio da adoção tardia, o desafio da colocação familiar de crianças parcialmente desenvolvidas, menos dependentes, muitas das quais já ingressaram na fase da pré-adolescência; crianças que não têm as características tradicionalmente desejadas pelos adotantes e, por isso, correm risco de envelhecer, de serem esquecidas nas instituições de acolhimento; crianças com chances reduzidas de adoção em decorrência do sexo, da etnia ou da cor da pele; crianças de características incompatíveis com o tipo idealizado, infelizmente ainda predominante na cultura da adoção, bebês recém-nascidos, do sexo feminino, de cor branca”, frisou Pacheco.